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domingo, 27 de março de 2011


Distribuição

Parque Nacional Chapada dos Guimarães
Local onde existem muitas espécies de orquídeas.
Vale próximo a Itirapina
Trecho ainda coberto pela Mata Atlânticaoriginal, que primitivamente cobria a maior parte do estado de São Paulo. Exemplo de ambiente propício ao desenvolvimento das orquídeas.
Eurystyles actinosophila
Espécie epífita crescendo nas mesmas matas retratadas acima.
Embora sua distribuição seja bastante irregular, as orquídeas são encontradas praticamente em todas as regiões do planeta, com exceção da Antártida. Devido a grande distribuição geográfica, é natural que um grupo tão diverso também apresente adaptações aos mais diferentes climas, bem como a multiplicidade dos agentes polinizadores presentes em cada região.[1] Trata-se de uma família em ativo ciclo evolutivo e seus gêneros mais próximos cruzam-se com certa facilidade na natureza, desafiando o antigo conceito botânico em que uma espécie é formada por todos os indivíduos capazes de cruzar com a produção dedescendentes férteis.[2]
A predominância das espécies ocorre nas regiões tropicais, notavelmente nas áreas montanhosas, que representam barreiras naturais e isolam as diversas populações de plantas. Algumas áreas principais são as ilhas e a área continental do sudeste asiático e a região das montanhas da Colômbia e Equador onde se pode encontrar um grande número de espécies, devido ao isolamento das espécies pelas diversas ilhas ou separadas pelas cadeias de montanhas, ocasionando elevado número de endemismos. O terceiro local emdiversidade possivelmente é a mata Atlântica brasileira com mais de mil e quinhentas espécies.[3] Outras áreas importantes são as montanhas ao sul do Himalaia na Índia eChina, as montanhas da América Central e o sudeste africano, notadamente a ilha deMadagascar.
Colombia é o país onde existe o maior número de espécies registradas, chegando ao número de 4 010,[4],imediatamente seguido pelo Ecuador, com 3 549,[4]Nova Guiné, com 2 717,[4] e Brasil, que totaliza 2 590.[4] Entre outros, BorneuSumatraMadagascar,Venezuela e Costa Rica, são países com elevado número de espécies.[5]
Podemos dividir de maneira grosseira a presença de orquídeas pelos continentes do seguinte modo:[6]
Os tipos de orquídeas que predominam em cada uma dessas áreas também são muito variáveis. Nas regiões tropicais úmidas, onde a luz e a umidade são abundantes, porém a competição com espécies arbóreas é muito forte, as orquídeas assumem um hábito predominantemente epifítico.[7] Em busca de luz sob a sombra de árvores de mais de até 40 metros de altura, estas ervas crescem sobre os galhos e troncos, a alturas variadas de acordo com as necessidades de cada espécie. Suas raízes, expostas ao ar, obtêm a maior parte dos nutrientes do material em decomposição ao seu redor, da água da chuva que lava as folhas das árvores no alto, ou da poeira existente no ar. Entremeado ao velame, existe um fungo chamado micorriza que auxilia na decomposição de matéria orgânica e na transformação desta em sais minerais, para facilitar sua absorção. Em casos extremos de umidade, as orquídeas podem absorver a água e os nutrientes pelos poros em suas folhas, relegando as raízes apenas a função de sustentar a planta sobre o substrato. Nenhuma orquídea assume a função de parasita, ou seja, sua presença não prejudica seus hospedeiros embora haja casos excepcionais em que o galho de uma árvore não suporte o peso de uma grande colônia de orquídeas e venha a quebrar. Há também muitas espécies terrestres, algumas destas, nas regiões tropicais, mantêm-se em desenvolvimento constante durante todo o ano.[7] A grande quantidade de matéria orgânica disponível no solo da floresta favorece o surgimento de algumas poucas espécies saprófitas, orquídeas desprovidas de clorofila que obtêm toda a matéria orgânica de que precisam do material em decomposição ao seu redor.
Em regiões de clima temperado, onde a relva é predominante, ou em regiões de secas como as áreas de savana e os campos rupestres, as orquídeas são basicamente plantas terrestres, com raízes subterrâneas bem desenvolvidas, às vezes com a formação detubérculos equipando-as para resistirem ao frio e à neve, ou à seca prolongada e ao fogo.[8] O frio congelaria as espécies epífitas que não têm raízes abrigadas para armazenarem os nutrientes necessários para a brotação na primavera. Também o fogo consumiria inteiramente as plantas epífitas. Nestas áreas de clima sazonal, as plantas normalmente passam por um estágio de dormência, em que, muitas vezes, sua parte aérea seca para evitar danos à sua fisiologia devido à seca, ou ao frio extremo.
Algumas espécies são consideradas ameaçadas de extinção na natureza, tanto pelas coletas indiscriminadas como pelo corte dasflorestas para agricultura e mesmo pela utilização de agentes desfoliantes em guerras ocorridas no passado.[9] Surpreendentemente, a maioria das espécies consideradas ameaçadas de extinção estão entre as mais comuns em cultivo e das quais há maior produção comercial.[10] A maioria das espécies realmente raras não está presente nestas listas por não apresentarem verdadeiro valor comercial e pouco interesse despertarem. De modo geral, pelo seu baixo valor comercial, os governos não fazem levantamentos sobre apopulação de orquídeas presentes na natureza e os que existem são apenas resultado de estudos acadêmicos pontuais.[11]
É interessante ressaltar ainda o fato de que um único fruto de orquídea carrega centenas de milhares de sementes e que a existência de dois ou três indivíduos em cultivo pode produzir no espaço de poucos anos elevadíssima quantidade de plantas, tornando a ameaça de extinção desta planta muito diferente da ameaça de extinção de uma animal, que produz apenas poucos filhos por gestação.
Orchis lactea: Observa-se a semelhança de seus tubérculos com os testículos de um mamífero. Essa semelhança é que originou o nome "orquídea".

[editar]Etimologia

O nome orquídea vem do grego όρχις (órkhis) que significa testículo e ειδος (eidos) que significa: aspecto, forma; em referência ao formato dos dois pequenos tubérculos que as espécies do gênero Orchis apresentam.[12] Como este gênero foi o primeiro gênero de orquídeas a ser formalmente descrito, dele derivou o nome de toda a família.[13]
Ophrys lutea
Uma espécie européia terrestre.
Cattleya labiata
Planta nativa do Brasil, que causou sensação ao ser introduzida na Inglaterra.
Brassavola nodosa
Originária da América Central, foi uma das primeiras orquídeas americanas a serem levadas para a Europa.

[editar]Taxonomia

Orchidaceae é considerada uma das maiores, senão a maior entre todas as famílias botânicas.[6] O número de espécies de orquídeas é próximo a vinte cinco mil, correspondendo a cerca de 8% de todas as plantas com sementes.[5] A quantidade de espécies aceitas é quatro vezes maior que a soma do número demamíferos e o dobro das espécies de aves.[14]Esses imponentes números desconsideram a enorme quantidade de híbridos e variedades produzidos por orquidicultores todos os anos. Além disso, anualmente centenas de espécies novas são descritas, tanto fruto de revisões de gêneros há muito estabelecidos, mas cujas espécies não se encontravam bem determinadas, como novas espécies encontradas na natureza. Apenas no ano de 2008 o International Plant Names Index registrou mais de 400 novas espécies descritas.
A família Orchidaceae foi estabelecida em 1789 por Antoine Laurent de Jussieu ao publicar seu Genera Plantarum.[13] Antes de Jussieu classificar a família, Linnaeus já havia descrito oito gêneros de orquídeas que, no entanto, não se constituíam em uma família à parte. Todas as espécies epífitas então pertenciam ao gênero Epidendrum.[15]
Desde a criação da Orchidaceae a pesquisa sobre estas espécies tem sido ininterrupta. Suaclassificação sofreu diversas revisões e o número de gêneros conhecidos em que se dividem vem aumentando ao longo dos anos, atualmente elevando-se a mais de 800.[16] O número exato é incerto, pois não há consenso sobre a melhor maneira de dividir os gêneros. Conforme a referência consultada, os gêneros aceitos são diferentes ocasionando esta grande variação numérica, basta comparar a quantidade de gêneros publicados desde 2002 para classificação das espécies anteriormente subordinadas ao gêneroDendrobium[17] e os gêneros aceitos pelo banco de dados do Royal Botanic Garden.[5] A tendência mais recente é a classificação baseada em caracteres moleculares, ou genéticos, chamada filogenética, que teoricamente reflete as relações evolutivas entre os grupos de espécies, no entanto, este sistema ainda é novo e nem todos os estudiosos aceitam-no plenamente, muitos ainda preferindo a avaliação morfológica. Grande debate ocorre pelos membros de ambas as tendências como se conclui pelas palavras do filogenistaMark Chase, que relega a morfologia a plano secundário,[18] e impacientes palavras de Carlyle August Luer, um morfologista que há trinta anos vem se dedicando às espécies da subtribo Pleurothallidinae,[19] com as regras de Chase.
As espécies de orquídeas são um desafio para os teóricos em Biologia, no que diz respeito ao próprio conceito de espécie, aquela formada por indivíduos capazes de reproduzirem-se produzindo descendentes férteis. A maioria das espécies de orquídeas é capaz de cruzar com as espécies próximas e produzir híbridos férteis. Estes híbridos ainda podem ser cruzados com outras espécies, e produzir novas gerações de híbridos férteis. Mesmo a maioria dos gêneros próximos pode cruzar produzindo descendentes férteis. Há inumeráveis híbridos entre espécies, e milhares mesmo entre gêneros. Há híbridos obtidos através do cruzamento de várias gerações de híbridos de quatro ou mais gêneros distintos. Este fenômeno é um dos trunfos dos orquidicultores, que podem misturar suas espécies e obter uma combinação quase infinita de novas formas e cores, mas híbridos ocorrem também naturalmente sem a intervenção humana.[7] É possível que várias espécies classificadas pelos botânicos sejam, na verdade, híbridos naturais há muito estabelecidos na natureza.
Como o conceito tradicional de espécie, não se aplica às orquídeas, a delimitação exata de cada espécie de orquídea também muitas vezes é bastante complicada. Muitos grupos encontram-se isolados e apresentam pequenas diferenças morfológicas que alguns estudiosos julgam suficientes para o estabelecimento de espécies independentes enquanto outros julgam estas variações apenas como características normais de endemismos, sem importância suficiente para caracterizar uma espécie à parte.[11] Assim também o número exato de espécies de orquídeas aceito pela comunidade científica é altamente variável conforme a referência consultada.
Há ainda complicadores em que espécies próximas cruzam-se habitualmente, produzindo grupos de plantas levemente diferentes e mesmo novas espécies muito próximas a uma das espécies originais, ou casos em que as espécies originais acabam por mesclarem-se totalmente aos descendentes produzindo grupos de plantas muito variáveis.[20] A tendência moderna é a de se classificar estas espécies de difícil delimitação em complexos que algumas vezes de fato constituem-se por muitas espécies intermediárias de difícil separação. Nestes casos, nota-se claramente a diferença entre alguns indivíduos extremos, mas a maioria é de difícil identificação. Há muitos exemplos, dentre os quais citamos os complexos da Brasiliorchis picta, do Anacheilium vespa, da Heterotaxis crassifolia, e inumeráveis outros.
A família Orchidaceae divide-se em cinco subfamílias (números estimados de gêneros e espécies pelo Phylogeny Group):
Disa uniflora
A primeira espécie africana a chegar na Europa.
Plantas com pólen pastoso ou farinoso, que geralmente não formam polínias, com duas ou três anteras férteis linear-lanceoladas, folhas de bases embainhadas, estaminóide alongado e labelo similar às pétalas. São 2 gêneros e 16 espécies do Sudeste Asiático;
Plantas com pólen pastoso ou farinoso, que geralmente não formam polínias, com duas anteras férteis oblongas ou ovais, folhas de bases embainhadas, estaminóde em formato de escudo e labelo geralmente saquiforme. São 5 gêneros e 170 espécies das regiões temperadas do mundo, poucas na América tropical;
Plantas com pólen pastoso ou farinoso, que geralmente não formam polínias, com uma antera fértil incumbente e folhas sem bases embainhadas. São 15 gêneros e 250 espécies na faixa tropical e subtropical úmida do globo, e leste dos Estados Unidos da América;
Plantas com pólen coeso formando polínias, uma antera fértil ereta ou tombada para trás e folhas enroladas claramente plicadas, raízes frequentemente carnosas. São 208 gêneros e 3630 espécies distribuídas em todo mundo, exceto nos desertos mais secos, no círculoÁrtico e na Antártida;
Plantas com pólen coeso formando polínias, com antera incumbente, ou tombada para trás mas então com folhas claramente plicadas e raízes raramente carnosas. Formada por mais de 500 gêneros e cerca de 20.000 espécies distribuídas sobre as mesmas regiões de Orchidoideae, embora existam algumas espécies subterrâneas no deserto australiano.
A divisão das espécies pelos gêneros é muito irregular. Há grande quantidade de gêneros com apenas uma espécie e alguns com mais de mil. Apesar de muitos destes grandes gêneros estarem passando por processos de revisão e divisão em gêneros menores e mais manejáveis, citamos aqui alguns como estavam até recentemente.[5] Bulbophyllum com quase duas mil espécies; LepanthesStelis,EpidendrumPleurothallis, e Dendrobium com mais de mil; OncidiumHabenaria e Maxillaria com cerca de 700, e Masdevallia com mais de 500.

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